quinta-feira, 29 de maio de 2014

Como esconder a minha estupefacção?

Ultimamente têm feito grande alarido em torno de um programa que visa inserir jovens até os 25 anos no mercado de trabalho ou em formação. O objectivo é tirá-los, temporariamente, das estatísticas do desemprego. Ontem, uma das dessas técnicas disse-me, muito tranquilamente, que não se trata de emprego nem de um estágio.
A sério? É assim que se pretende motivar as pessoas e pedir para que guardem grandes expectativas sobre isto?!

domingo, 25 de maio de 2014

Até onde vão os nossos limites?

Já perdi a esperança de encontrar trabalho na minha área nos próximos dez anos em Portugal (ou o tempo que levar para se deixar de falar em crise). Posto isto, abri o meu leque de opções e candidato-me a praticamente qualquer coisa. Cafés, lojas, armazém, etc. Não são trabalhos de sonho, não é para isso que continuo a estudar, mas manter-me-ia ocupada. 
Já fui alvo de olhares cheios de pena por candidatar-me a este tipo de empregos. Mas, para outras pessoas isto não parece ser suficiente e sugeriram-me que considerasse um trabalho de assistente domiciliar. Tenho o mais profundo respeito pela profissão e por quem a desempenha. Durante anos vivi com a minha avó, que estava acamada, e sei demasiado bem em que consiste a função.
Não é por ser licenciada, mas também, teria de estar muito desesperada para fazer este tipo de trabalho. Estaria antes a limpar sanitas de um centro comercial qualquer. 
Durante o meu trajecto enquanto desempregada tenho levado umas quantas pancadas, mas esta, esta destruiu uma parte de mim. Senti-me humilhada ao me proporem esta alternativa e pergunto-me se é isto que Portugal tem para dar a uma jovem licenciada, com formações, estágios e uma pós-graduação.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Coisas que se ponderam na hora de aceitar um emprego

Ao contrário do que possa parecer, aceitar um emprego é muito mais difícil do que se imagina. Ora, tendo em conta que empregos na minha área de formação estão fora do horizonte, restam ofertas em lojas, padarias e afins. Nada contra estes trabalhos, pelo contrário. 
Vejamos, actualmente estou a receber subsídio de desemprego, mas continuo à procura de trabalho. O triste nesta situação é que compensa mais estar em casa sem fazer nenhum do que ir trabalhar (quando exteriorizo este tipo de coisas começo a ver quão fundo cheguei...). Exemplos de coisas que desencorajam:  
- os 50km (ida e volta) que se tem de fazer até o local de trabalho (é única a cidade onde ainda vão aparecendo algumas vagas);
- o custo do combustível, tendo em conta que o meu carro é a gasolina;
- o custo do estacionamento;
- o custo de arrendar um quarto, caso opte por encostar o carro a um lado.
- o custo do transporte público, no seguimento da anterior.
O salário que auferiria nem chegaria aos 500 euros, com descontos ficar-me-ia pelos 400. Independentemente da escolha que fizesse, pelo menos 200 euros iriam para alguma das opções acima apresentadas. Pelo que este montante teria de ser suficiente para a minha alimentação, telemóvel, higiene e seria tudo. Como se pode viver assim?


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Parecem cogumelos

Tenho umas seis versões diferentes do meu currículo. Num mundo ideal apenas uma seria suficiente e poderia enviar a mesma para qualquer recrutador. Mas como no mundo do desemprego há tudo menos idealizações, tenho meia dúzia de currículos que não me servem de nada (o desânimo a falar mais alto).
E em que é que estes currículos se diferenciam? Na progressiva omissão de qualificações. Actualmente o campo de ofertas a que me candidato é total (excepto limpezas, mas já faltou mais...), pelo que percebi que formações e cursos complementares deixam de ter utilidade.
Haverá algo mais devastador do que ter de apagar os últimos quatro anos da minha vida, em que os passei a estudar, e inventar uma vida paralela para ter a mínima hipótese de conseguir um trabalho?

domingo, 11 de maio de 2014

O (des)alento que me dão

Aquando do meu estágio profissional ganhava mensalmente pouco mais de 600€, o que me deixava com menos 100€ depois dos descontos. 
Embora este valor já tenha sido quase o dobro há uns anos atrás, não estava insatisfeita com o montante. Não tendo despesas com alojamento, o dinheiro dava perfeitamente para o combustível, telemóvel, comida, outras despesas e ainda conseguia poupar.
Se acho que deve ser este o salário para um licenciado? Não, não acho. Talvez para quem se esteja a iniciar no mercado de trabalho seja suficiente, mas não é possível fazer uma vida, constituir família e projectar planos para o futuro com 500€ por mês.
O maior problema, a minha revolta e a minha humilhação é que me sugiram (e me tentem dar esperanças) para um Programa Ocupacional. É mais uma fonte de trabalho para as instituições e faria o trabalho de uma pessoa licenciada, com a variante de ganhar (depois dos descontos) 370€ por mês. 
É assustador o entusiasmo com que me apresentam esta possibilidade (porque não é com eles...) e eu já assumi a minha posição: não vou aceitar. Rejeito esta opção porque o meu conhecimento e o meu trabalho valem mais que isto. Não me vou deixar contagiar pelo espírito de submissão e de conformidade perante estas condições. Há que saber estabelecer limites e nem pensar que "é melhor isso que nada".

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Anúncios manhosos I

Há uns tempos atrás tinha respondido a uma oferta para a função de secretária/administrativa para uma companhia de seguros (não sei qual, pois não era não referido no anúncio). Submeto o CV e uns dias depois recebo um e-mail do suposto recrutador a solicitar uma fotografia minha de corpo inteiro e a perguntar se estaria à vontade para usar decote no trabalho.
Aquilo foi tão inesperado, tão sem sentido. Fiquei de tal maneira revoltada com aquilo que dei uma resposta à altura. 
Não faço ideia se era alguém apenas a gozar ou se se tratava mesmo de um anúncio e a esta hora está uma menina jeitosa a exibir os seus atributos aos clientes de uma seguradora deste país. Mas é por esta e por outras que vou perdendo a vontade de olhar para os anúncios de emprego.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Manter-se ocupado quando se está desocupado

Enquanto realizei o meu estágio profissional estava ocupada entre as 9h e as 17h. Durante todo esse período o meu horário pós-laboral dividiu-se entre muitas idas à praia, natação, mais trabalho, leituras, namoro, os amigos e cozinhados. Como a semana era passada num frenesim, apreciava o fim-de-semana no sossego do lar, a actualizar filmes e séries.
Com o final do estágio veio o desemprego e o tempo livre a mais. Surgiu a oportunidade de realizar uma pós-graduação, opção que abracei de imediato. Apesar de ser numa área interessante e dar-me a oportunidade de estabelecer um novo grupo de colegas, as aulas somente me ocupam o final da 6ª feira e o Sábado. Ora, para uma pessoa que estava habituada a estar constantemente ocupada, isto não é suficiente.
Entretanto, estou desempregada há quatro meses e os efeitos do dolce fare niente já são por demais evidentes: a leitura (a minha paixão!) está relegada, perdi o prazer em passar um par de horas a ler, sinto-me inútil por não fazer nada produtivo. De igual modo, a natação, que me ajudava a desanuviar a cabeça, já não me suscita interesse. Ver um filme está fora de questão, fico aborrecida e, entre pausas, sou capaz de levar mais uma meia hora para vê-lo todo. A criatividade para os cozinhados diminuiu drasticamente e faço comida porque tem de ser. O calor do Verão já despertou e, apesar disso, não sinto vontade de ir à praia. 
Em compensação a este meu desinteresse por aquilo que outrora gostava, tenho-me dedicado aos trabalhos do curso. Sei que preciso de fazer mais por mim, para distrair-me, mas quando se vive no campo, as despesas com o combustível falam mais alto. Reconheço que é importante ter a cabeça noutro sítio que não o desemprego, mas eu não quero passatempos, quero um trabalho.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O post inaugural

Depois de algumas tentativas falhadas em manter um blogue, decidi criar mais um (o definitivo, espero eu). E porquê? O que distingue este dos anteriores? Talvez seja a fase da minha vida em que me encontro: a (des)esperar na procura de um emprego e a direccionar as minhas poupanças numa pós-graduação (que embora goste), sei que, tal como o país está, não me vai dar trabalho.
As aventuras que tenho tido na saga de um emprego são demasiado hilariantes e surreais como para ficarem só para mim, pelo que passarei a partilhá-las aqui na esperança de um dia relê-las e rir-me.