Haverá coisa mais detestável que vermos a nossa vida e opções julgadas por terceiros?
Como encarar um funcionário público (com um emprego seguro e bem pago) que nos diz lá do alto do seu pedestal que aos 23 anos ainda é cedo para começar a vida, que há tempo para a realização pessoal e financeira e, como tal, a oportunidade de passar a ser explorada a recibos verdes por uma entidade pública e ganhar menos de metade do que qualquer técnico superior é uma oportunidade a não perder. Afinal, segundo a mesma pessoa, pode ser que daqui a 5 ou 6 anos abra concurso e eu já esteja dentro do sistema.
A sério? A crise justifica mesmo este consentimento incondicional? Perdermos qualquer ambição e levarmos as mãos ao céu porque esta é a última gota de água no deserto? Perdermos toda a confiança que tenhamos em nós próprios e nas nossas capacidades quando vemos que aos olhos dos outros elas valem tão pouco?